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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Padre e Pai de Santo Umbandista debatem a homossexualiade na Hebe

O programa foi ao ar ontem (30)na RedeTv, apresentado pela rainha da Tv brasileira, Hebe Camargo.
O padre católico Reginaldo Manzotti e o líder da Umbanda Rubens Saraceni divergiram de forma construtiva sobre a homossexualidade.

Você foi na ferida, uma ferida geral. Nós temos que entender que existe o princípio, o ideal. O grande problema é que para os pais hoje,por exemplo, eu encontro pai e mãe hoje que diz assim, " padre eu não sei mais dizer para meu filho o que é certo e o que é errado". Nós sabemos que a ciência, a genética, a psicologia e a teologia tem que dar uma resposta melhor para a questão da homossexualidade. De onde ela vem, por que ela vem, nos não temos condições de dizer isso agora, diz o padre.
Questionado se era importante saber dessa questão,e se não é mais fácil aprender a conviver e respeitar, o padre responde que " a própria genética está procurando uma resposta".

Em um segundo questionamento, a convidada pergunta o por que a maioria de seus amigos gays, são adeptos a religiões como a Umbanda e o Candomblé. 

Eu discordo em parte do que o padre falou.A genética não vai conseguir explicar isso a contento por que há uma anterioridade espiritual nessa questão. Nós já pesquisamos a fundo essa questão e para nossa surpresa com o auxílio de pessoas com clarividência profunda, descobrimos que em corpos de mulhesres há espíritos masculísno e em corpos de homens, espiritos femininos. O espirito do ser é feminino, ele não  busca, ele traz isso do nascimento , por isso ás vezes os traços aparecem dos primeiros anos dele e posteriormente de acentuam quando ele consegue espaço para aflorar a sua homossexualidade"..."nos entendemos isso como uma questão carmica.
 Não entendemos como punição divina, não entendemos como desvirtuamento do ser, mas entendemos dentro da umbanda que o espírito que está no corpo ja traz isso com ele. As vezes, interpreetamos que em um espírito em uma encarnação anterior foi mulher, nesta ele reencarna como homem, e se traz essa intensa energia feminina, pode "atrapalhar" o mesmo nessa reencarnação, já que se encontra em outro corpo.


A partir desse momento o padre Reginaldo contesta a crença umbandista da reencarnação e julga não tratar de elementos cármicos.

Achei importante colocar essa descrição das falas dos mesmos, pois é um assunto que compete a nossa vida e nosso dia a dia. Muitas pessoas nos julgam sem religião e até ateus, e pior que isso, preferem não aprofundar seus estudos na homossexualidade pela ignorância humana. Hoje a participação dos gays nas religiões espiritas são realmente em peso, talvez pelo respeito e pela falta de preconceito, E digo mais, talvez os gays se aproximem pela situação atual de perseguição que  a religião espirita ainda se encontra no Brasil, e em especial as de matriz africana.


Por Erik

São Paulo mantém sua posição pró gay

 A princípio houve um grande impacto na população gay, quando o prefeito Kassab disse que " não via homofobia no projeto de lei do vereador, Carlos Apolinário." Hoje, por iniciativa do próprio prefeito foi dado o veto ao projeto preconceituoso do vereador em questão.
São Paulo é conhecida por ser uma das cidades com mais iniciativas pró gay do Brasil, e que tem cada vez mais cooperado com a população gay em suas manisfestações, aventos culturais, conselhos e conferências dirante todo o ano.
A importância do veto que se deu hoje em São Paulo é mais um grande marco histórico contra a intolerância, preconceito, homofobia e creio umas das mais importantes lutas, a busca pelo estado laico.

Carlos Apolinário é um conhecido perseguidor da população gay e que vota, cria e discuti leis com base nos seus dogmas evangélicos." Não foi um veto simples. Para poder vetar uma data, foram feitas cinco páginas. Nunca vi isso. Cinco páginas em que é realizada toda uma defesa não só do gay, mas do homossexualismo (Sic), dos programas de governo a favor dos gays. É um veto que gera uma propaganda de tudo aquilo que combato, que são os privilégios para os homossexuais. O prefeito poderia vetar a data, dizendo que não é importante, que pode gerar algum ato de homofobia. Só isso. Mas ele fez um tratado a favor do gays" - criticou o vereador ao site Jornal o Brasil.
As palavras do Prefeito Gilberto Kassab foram perfeitas e o mesmo se colocou de forma muito clara contra qualquer tipo de preconceito, inclusive a homofobia.

"Essa não é, todavia, a isonomia de tratamento que o comando contido no artigo 2º do indigitado texto pareceu querer por evidência, na medida em que ali está prescrito que, vale a pena repetir, o Poder Executivo Municipal “envidará esforços no sentido de divulgar a data instituída por esta lei, objetivando conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”. Como se vê, o dispositivo expressamente patenteia que o “Dia do Orgulho Heterossexual”, cuja comemoração anual dar-se-á na semana do natal, estará associado ao resguardo da moral e dos bons costumes. Logo, não é necessário fazer grande esforço interpretativo para ler, nas entrelinhas do pretendido preceito, que apenas e tão só a heterossexualidade deve ser associada à moral e aos bons costumes, indicando, ao revés, que a homossexualidade seri a avessa a essa moral e a esses bons costumes. Aliás, o texto da “justificativa” que acompanhou o projeto de lei por ocasião de sua apresentação descreve, em vários trechos, condutas atribuídas aos homossexuais, todas impregnadas de sentimentos de intolerância com conotação homofóbica", diz Kassab em carta ao Presidente da Câmara.


E hoje, após tantas conquistas, tantos avanços, tanto reconhecimento do trabalho árduo que vem sendo realizado desde 2005, com José Serra, que criou a CADS em 2005, no segundo mês de sua gestão, e Geraldo Alckmin, que sancionou a Lei Estadual 10.948/01, que completa dez anos em 2011 e, em maio passado, sancionou o Dia Estadual de Combate à Homofobia, através da Lei nº 14.462, de 25 de maio de 2011, marca sem dúvida mais uma importante página desse histórico de conquistas em nossa cidade.





Parabéns cidade de São Paulo


Parabéns Prefeito Gilberto Kassab


Parabéns Paulistanos 




Por Erik



Carta de veto ao "Dia do Orgulho Heterossexual"


RAZÕES DE VETO
Projeto de Lei nº 294/05
Ofício ATL nº 105, de 30 de agosto de 2011
Ref.: OF-SGP23 nº 2701/2011

Senhor Presidente

Por meio do ofício acima referenciado, ao qual ora me reporto, Vossa Excelência encaminhou à sanção cópia autêntica do Projeto de Lei nº 294/05, de autoria do Vereador Carlos Apolinário, aprovado na sessão de 2 de agosto do corrente ano, que objetiva dispor sobre a instituição do “Dia Municipal do Orgulho Heterossexual”.De acordo com o teor da propositura, o “Dia Municipal do Orgulho Heterossexual”, a ser anualmente comemorado no 3º domingo do mês de dezembro, integrará o “Calendário Oficial de Datas e Eventos do Município de São Paulo”, devendo o Poder Executivo envidar esforços no sentido de divulgar a data com o objetivo de “conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes” (artigos 1º e 2º).
Contudo, considerando que, à vista das conclusões alcançadas no parecer expendido pela Procuradoria Geral do Município, acolhida pela Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos, e na manifestação da Secretaria Municipal de Participação e Parceria, conforme restará adiante explicitado, o conteúdo da propositura é materialmente inconstitucional e ilegal, bem como contraria o interesse público, vejo-me na contingência de, com fundamento no artigo 42, § 1º, da Lei Orgânica do Município, vetar totalmente o texto assim aprovado.
Referido projeto de lei, cujo artigo 1º parece tão somente instituir e acrescentar mais uma data comemorativa ao Calendário de Eventos da Cidade de São Paulo, o que seria plenamente legítimo, na realidade não se reveste da simplicidade que aparenta ostentar, circunstância que, por certo, explica a sua enorme repercussão, majoritariamente negativa, no Brasil e até mesmo na imprensa internacional, como é o caso, só para exemplificar, das revistas “Forbes” e “Newsday”, que destacaram a inusitada criação do “Straight Pride Day” em seus respectivos sites, consoante noticiado no Portal da “Folha.com” em 2 de agosto de 2011.
Em princípio, poder-se-ia argumentar que, se a Cidade de São Paulo comemora, como tantas outras no Brasil e no mundo, o “Dia do Orgulho Gay” (Homossexual), então, sob o pálio de uma isonomia meramente formal, seria legítimo que ela igualmente comemorasse o “Dia do Orgulho Heterossexual”, pois dessa forma todas as preferências, orientações ou tendências sexuais estariam contempladas pelo legislador no aludido Calendário, confirmando a vocação democrática e pluralista desta terra paulistana.
Essa não é, todavia, a isonomia de tratamento que o comando contido no artigo 2º do indigitado texto pareceu querer por evidência, na medida em que ali está prescrito que, vale a pena repetir, o Poder Executivo Municipal “envidará esforços no sentido de divulgar a data instituída por esta lei, objetivando conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”. Como se vê, o dispositivo expressamente patenteia que o “Dia do Orgulho Heterossexual”, cuja comemoração anual dar-se-á na semana do natal, estará associado ao resguardo da moral e dos bons costumes. Logo, não é necessário fazer grande esforço interpretativo para ler, nas entrelinhas do pretendido preceito, que apenas e tão só a heterossexualidade deve ser associada à moral e aos bons costumes, indicando, ao revés, que a homossexualidade seri a avessa a essa moral e a esses bons costumes. Aliás, o texto da “justificativa” que acompanhou o projeto de lei por ocasião de sua apresentação descreve, em vários trechos, condutas atribuídas aos homossexuais, todas impregnadas de sentimentos de intolerância com conotação homofóbica.
Consequentemente, sob essa perspectiva, caso o Município de São Paulo, por qualquer de seus órgãos, viesse a dar cumprimento ao mencionado artigo 2º, daí resultaria a inequívoca mensagem à população em geral no sentido de que a homossexualidade seria “um modo de ser” supostamente contrário à moral e aos bons costumes, com isso violando princípios basilares e objetivos fundamentais constitucionalmente agasalhados, dentre eles o da cidadania, o da dignidade da pessoa humana, o da construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o da redução das desigualdades sociais, o da promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e “quaisquer outras formas de discriminação”, e o da prevalência dos direitos humanos (Constituição da República Federativa do Brasil, artigo 1º, incisos II e III, artig o 3º, incisos I, III e IV, e artigo 4º, inciso II).
Mas não é só. A essa desconformidade da proposta legislativa com a Carta Magna Brasileira, por si só suficiente para impedir a sua conversão em lei, soma-se o fato de que ela também não está de acordo com o interesse público. Com efeito, sob a aparência de promover o “orgulho da heterossexualidade” - e aqui se deve observar que não faz sentido algum “ter” ou “comemorar” o orgulho de pertencer a uma maioria que não sofre qualquer tipo de discriminação - a carta de lei vinda à sanção mal disfarça o preconceito contra a homossexualidade, associada, por inferência (artigo 2º) e consoante se colhe de sua “justificativa”, à falta de moral e de bons costumes. Assim, ao invés de promover o entendimento das diferenças e, pois, a paz social, função maior da Política, o projeto de lei milita a serviço do confronto e do p reconceito, razão primeira da sua contrariedade ao interesse público.
Acerca do tema, lapidar e percuciente é a abordagem realizada pelo jurista MARCOS ZILLI, Professor de Direito Processual Penal da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - USP e Coordenador da “Coleção Fórum de Direitos Humanos”, no artigo intitulado “A criação do Dia do Orgulho Hétero Incentiva a homofobia? - Tolerar, verbo transitivo”, publicado na seção “Tendências/Debates” do Jornal Folha de S.Paulo, edição do dia 13 de agosto de 2011, do qual, por pertinente e oportuno, ora se transcreve o seguinte trecho:
“A expressão “orgulho” (“pride”), estreitamente associada à luta pela conquista da cidadania plena da chamada comunidade LGBT, representa o contraponto do sentimento de “vergonha”, que sempre pautou o tratamento opressivo dado à orientação e à identidade sexual diversa do padrão socialmente aceito. Afinal, tais comportamentos evocavam a noção de defeito, de modo que deveriam permanecer ocultos diante do vexame familiar e social que provocavam. A dignidade humana, como se sabe, é patrimÃ?nio que não está restrito a grupos específicos. No entanto, são justamente as minorias que mais se ressentem do exercício pleno de seus direitos, já que as sociedades tendem a ditar o seu ritmo à luz de uma maioria. Fixa-se, então, um padrão comum, e a ele se agrega o qualificativo da normalidade. A situação se agrava quando a minoria não é percebida como uma projeção natural da diversidade e da pluralidade humana, mas como um desvio a ser menosprezado, esquecido ou corrigido. É nesse momento que se abrem as portas para o exercício diário da intolerância e da violência. A destinação de datas relacionadas com as minorias é apenas uma das ferramentas disponíveis no vasto terreno da luta pela efetividade dos direitos humanos. Em realidade, elas possuem valor meramente simbólico, já que o objetivo é o de chamar a atenção do grupo social em favor de quem é, diariamente, esquecido no exercício de seus direitos. Busca-se promover a conscientização de que a dignidade humana não é monopólio restrito à maioria. Vem daí a consagração dos dias “da Mulher”, “da “Consciência Negra” e “do Índio”. Nessa perspectiva, a reserva de uma data especial para a celebração do orgulho dos heterossexuais se mostra desnecessária, uma vez que não há discriminação por tal condição. Não são associados à doença ou ao pecado, tampouco são alvo de perseguições no trabalho, nas escolas ou em outros ambientes sociais. A união heterossexual, por sua vez, é totalmente amparada pelo Estado e pelo Direito. Além disso, a iniciativa legislativa propicia uma leitura perigosa, capaz de desvirtuar a própria dinâmica dos direitos humanos. Com efeito, ao acentuar o vínculo já consolidado entre “orgulho” e o “padrão socialmente aceito”, a lei cria dificuldades para que se elimine o estigma da “vergonha” que persegue o movimento oposto. Afinal, vergonha não emerge do que se mostra normal, mas, sim, do que se qualifica como anormal. Em verdade, a energia criativa do legislador deveria ser canalizada em prol de políticas públicas eficientes para o processo de consolidação da respeitabilidade integral dos direitos humanos. A questão é especialmente urgente em uma cidade onde são recorrentes os atos de violência racial, étnica, religiosa , de gênero e de orientação sexual. Experiências frutíferas poderiam ser alcançadasnos bancos escolares públicos. Leis que se mostrassem preocupadas com a formação de crianças desprovidas de quaisquer preconceitos já seriam muito bem-vindas. Afinal, na base da educação dos direitos humanos repousa o valor-fonte da tolerância. É chegada a hora de aceitarmos tudo o que não se apresente como espelho.”
Por derradeiro, impende ressaltar que as políticas públicas encampadas pelo Município de São Paulo inserem-se no atual contexto nacional e internacional de reconhecimento e garantia dos direitos das denominadas minorias ou grupos em situação de vulnerabilidade social (mulheres, negros, nordestinos, crianças, pessoas com deficiência física, comunidade LGBT, idosos, pessoas em situação de rua e outros), em perfeita harmonia, aliás, com o disposto no artigo 2º, “caput” e inciso VIII, da Lei Orgânica da nossa Cidade, segundo o qual a organização do Município observará, dentre outros princípios e diretrizes, a garantia de acesso, a todos, de modo justo e igual, sem distinção de origem, raça, sexo, “orientação sexual”, cor, idade, condição econÃ?mica, religião “ou qualquer outra discriminação”, aos bens, serviços e c ondições de vida indispensáveis a uma existência digna. Por óbvio, para o alcance desse desiderato, no caso dessas minorias, faz-se necessário lançar mão da figura da “discriminação positiva”, calcada na noção aristotélica de isonomia, qual seja, tratamento igual entre os iguais e desigual entre os desiguais.
Com esse propósito, cabe destacar, pela pertinência com o assunto aqui enfocado, as políticas públicas voltadas à específica proteção do segmento de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - LGBT, como a adoção, dentre outras, das seguintes medidas: a) criação da Secretaria Municipal de Participação e Parceria, cuja Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual - CADS tem por atribuição atender as necessidades específicas de referido segmento, visando a promoção da sua cidadania e o combate a todas as formas de discriminação e de preconceito; b) instituição do Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual, órgão colegiado, de caráter consultivo, composto por membros da sociedade civil e Poder Público Municipal, com competência para propor o desenvolvimento de atividades que contribuam para a efetiva in tegração cultural, econÃ?mica, social e política do segmento LGBT; c) edição do Decreto nº 51.180, de 14 de janeiro de 2010, dispondo sobre a inclusão e uso do nome social de pessoas travestis e transexuais nos registros municipais relativos a serviços públicos prestados no âmbito da Administração Direta e Indireta; e d) envio, à Câmara Municipal, do Projeto de Lei nº 359/07, estabelecendo medidas destinadas ao combate de toda e qualquer forma de discriminação por orientação sexual no Município de São Paulo.
Por conseguinte, claro está que o projeto de lei em relevo, mormente em face do seu conteúdo discriminatório, efetivamente não se coaduna com as ações governamentais que vêm sendo implementadas no âmbito da Administração Pública do Município de São Paulo, direcionadas ao bem comum e à paz social.
Nessas condições, assentadas e explicitadas as razões de inconstitucionalidade, de ilegalidade e de contrariedade ao interesse público que me impedem de sancionar a iniciativa assim aprovada, devolvo o assunto ao reexame dessa Colenda Casa de Leis.

Na oportunidade, renovo a Vossa Excelência meus protestos de apreço e consideração.

GILBERTO KASSAB, Prefeito

Ao Excelentíssimo Senhor
JOSÉ POLICE NETO

Digníssimo Presidente da Câmara Municipal de São Paulo

Fonte: Diário Oficial da Cidade de São Paulo, 31/08/2011, páginas 3 e 4.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Dia 29 de Agosto - Visibilidade Lésbica

 Nesse dia 29 de agosto é comemorado em todo o país o Dia da Visibilidade Lésbica, data que faz referência a exatos 11 anos quando de 29 de agosto a 1º de setembro aconteceu o 1º Seminário Nacional de Lésbicas, na cidade do Rio de Janeiro.
O evento histórico foi organizado pelo Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro e pelo Centro de Documentação e Informação Coisa de Mulher e reuniu mais de 100 ativistas vindas de diferentes estados brasileiros.


Para Yáskara Guelpa, militante do Coletivo de Feministas Lésbicas e da Associação Flor do Asfalto, a data é importante não só pela celebração, mas para mostrar a necessidade de uma maior atuação do movimento.

"Dentro do universo GLBT ainda a visibilidade lésbica deixa muito a desejar. Seja porque as lésbicas ainda não são mais atuantes, seja porque o universo GLBT, quando a gente fala dos gays, existe ainda um machismo que a gente não pode negar. O Dia da Visibilidade é um dos dias mais importantes considerando que é as lésbicas devem se projetar, se assumirem lésbicas", afirmou Yáskara, que atua na luta pelos direitos das lésbicas há cerca de 10 anos.

Na sua opinião o preconceito ainda é muito grande e prejudica a visibilidade. "Eu acho que ainda o universo das lésbicas está muito enclausurado no medo da discriminação, existe ainda o problema da lésbica não se assumir por medo de perder o emprego. Esse problema ainda existe, tanto que nós temos lésbicas famosas que são atrizes ou cantoras e não se assumem porque sabem que terão problemas na hora de fechar contratos", ressalta a militante que deseja para o futuro que a visibilidade "traga o fim preconceito e que as lésbicas possam assumir a sua lesbianidade para não continuarem sendo estigmatizadas".






















Fonte : http://gonline.uol.com.br/site/arquivos/estatico/gnews/gnews_noticia_19824.htm

Ás lésbicas de todo esse Brasil, nossos parabéns e nossa visibilidade. A luta contra a lesbofobia e a intolerância também abraça sua causa.

Por Erik

Homofóbico infiltrado em meio gay espalha medo no Twitter

Retrato falado de suspeito é divulgado (Foto: Carolina Iskandarian/G1)Retrato falado de suspeito é divulgado
(Foto: Carolina Iskandarian/G1)
Procurado por assassinato nos Jardins, em São Paulo, O suspeito de 21 anos teve a prisão temporária decretada pela Justiça a pedido da polícia e é procurado desde terça-feira (23) por suposto envolvimento no crime. Um retrato falado foi divulgado. Para a investigação, as vítimas foram esfaqueadas e mortas durante a madrugada.
No dia 14 de julho, o suspeito publicou: “Acordei com vontde de cometer um crime, o de pena mais longa!”. Além disso, postou em 26 de junho "Na duvida, soca a porrada que resolve!” e "sou mto vingativo e jogo sujo se necessário. A vida me fez assim”, em 12 de julho. No dia 3 de agosto, postou: “To com vontade de agredir alguen! candidatos?” (3 de agosto).

Em 28 de julho, escreveu: “Ainda bem que homofobia ainda nao é crime kakaka”. No mesmo dia, também falou: “Eu nao sou gay, sou um espião! Hahaha” e “estou infiltrado no mundo gay!”. Segundo a polícia, as vítimas e o assassino tinham ido a uma pizzaria e a uma boate gay no fim de semana antes do crime em São Paulo. Câmeras de segurança gravaram os três, que estavam acompanhados de outras pessoas.

O perfil social do suspeito no Orkut também foi analisado e mostra que ele gosta de futebol e é fã da banda de rock Metallica. “Pelos perfis sociais dele ele tem um perfil homofóbico e homicida. Vamos investigar isso também”, disse o delegado seccional Caleiro ao G1. Policiais civis de Franca e região estão colaborando com a equipe F Sul do DHPP na tentativa de capturar e prender o investigado.



Pois é pessoal, mas não achem que isso é novidade pois nesse mundo há de tudo. Tomar muito cuidado com bate papo, redes sociais, e encontro casuais é muito importante. A anos atrás o maníaco do Trianon também vivia entre GP's e matava os garotos que se envolvia. 
Nossos sentimentos aos familiares dos dois assassinatos brutalmente em são Paulo.


Fonte: G1.com

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Brasil. Um país longe do Laicismo


Vivemos num Estado laico, isto é, as autoridades religiosas não fazem parte da regulação da vida pública. O direito é responsabilidade do poder público
Sir.Hob

O Brasil é um país que têm uma forte influência religiosa, em parte pelo passado de colonização e miscigenação com a população africana, que é um povo de extrema religiosidade, e os portugueses que trouxeram o catolicismo como religião oficial. Dentre a religião Católica e o Candomblé que foram as primeiras religiões a serem trazidas de fora, também eram pregadas a religião indígena voltada para as forças da natureza e de deuses que os próprios acreditavam. A história do Brasil é marcada por sofrimento e apegação a fé, o que pode nos explicar a grande influência que as religiões ainda têm sobre o estado brasileiro.
Embora a história têm mostrado que a grande base e talvez uma grande aliada do estado brasileiro têm sido a religião, a Constituiçao Federal assegura um Estado Laico e nossos governantes vêm eleição após eleição, a proclamar esse estado, que não existe.Diferente do que se prega, o Brasil hoje é um país que está além de um grande parceiro da religião, está além disso.O Brasil hoje é um país dominado pela religião e que está longe do tal estado laico.A Política está cheia dos pastores e bispos que fazem pressão perante o congresso e as câmaras pelo Brasil a fora, lutando para que as leis que lá votadas, sejam aprovadas a partir de um " raio x " dogmático.Usar da fé, ideiais dogmátios e conceitos religiosos tem virado cada vez mais rotina em nosso país, pois é uma prática que dificilmente irá dar errado.
 A fé, aquela que move montanhas, é capaz de ilubridiar as pessoas a concordarem com qualquer coisa que seu líder religioso proclame, sem ao menos estudar o que o mesmo prega. A fé ganha além dos líderes reliosos-políticos, os fiéis, e por isso fica mais fácil aprovar suas substituições, arquivamentos, etc.
Para a população gay, o fardo é mais pesado, pois somos alvos certos e óbvios.A população evangélica, e devo dizer nem todas, mas a maioria, têm em sua consciência que somos abominações demoníacas e muitas pessoas ainda proclamam sermos aberrações e doentes mentais. Algumas pessoas acabam se destacando tanto que conseguem chegar em um patamar diferenciado, viram políticos.
Essas pessoas detém o poder de criar, mudar  e aprovar ou não leis, projetos e qualquer iniciativa pró gay que tramita em todo Brasil, e os mais importantes, no congresso nacional.A anos o movimento gay têm sofrido com os embates persistentes contra os religiosos conservadores que  perseguem os projetos e iniciativas a favor da população gay, e infelizmente os mesmos tem se saido melhores nessa guerra entre a liberdade e opressão.O perseguição desses religiosos eleitos é feita descaradamente e sem nenhuma vergonha na cara, com declarações preconceituosas, e pior, dentro dos próprios orgãos políticos. Tenho a opinião de que se você nasce para ser um pastor, padre ou qualquer que seja a religião que representa, o faça com  louvor e honestidade. Se você nasce para ser político e representar o povo, o faça com perfeição ou tente representar-nos da melhor forma possível.Agora se você nasce um ou outro e não consegue desvincular os ambos assuntos, atrapalhando assim tantas pessoas, espalhando o ódio e manipulando as pessoas em nome de Deus, não tente fazer nada de tão complexo, por que sua inteligência não suporta.O estado deve ser laico e assegurar que a sociedade brasileira e seus poderes políticos não estejam na mão da fé e do conservadorismo. A história mundial mostra que todas as vezes em que a religião se manteve a frente da política e da gestão pública, as cenas foram de injustiças e sangue. O Brasil ainda é um país longe do laicismo, culpa parte das pessoas que votam sem ao menos analizarem as verdadeiras pretenções de seu candidato. Separar o estado das religiões deve ser uma luta real e persistente para que o Brasil seja mais plural e igualitário para sua sociedade.Se esses líderes religiosos mal conseguem fazer seu trabalho de parlamentar, julgando projetos e leis a partir de seus dogmas, imagino o "bom" trabalho que o mesmo faz para encaminhar suas ovelhas ao reino dos céus.
#EstadoLaicoJá
Por Erik

domingo, 21 de agosto de 2011

Médica transexual é agredida após batida de carro em Porto Alegre


Uma médica transexual foi agredida por três homens após ser perseguida na madrugada deste domingo (14), em Porto Alegre. Fernanda Campos, de 43 anos, dirigia seu veículo quando bateu no retrovisor de um outro carro onde estavam três homens que ficaram irritados e começaram a persegui-la.



A pediatra dirigiu até um ponto de táxi para pedir socorro, mas como não havia nenhum taxista no local os três homens começaram a agredí-la com pontapés, puxões de cabelo e socos. A médica apresenta diversos hematomas no rosto, dentes quebrados, lesões nos joelhos, mãos, ombros e costas, além de ter tido seus cabelos arrancados e ter perdido parte da visão em um dos olhos.

Logo após a agressão os homens fugiram e a médica registrou ocorrência na delegacia. A transexual reconheceu os agressores através da identificação da placa do veículo.

Fernanda prestou depoimento na tarde de ontem (15), à titular da 2ª Delegacia de Polícia, Adriana Regina da Costa, e contou que no começo suspeitava de um assalto ou sequestro relâmpago, mas que depois teve a certeza que se tratava homofobia pelas palavras que eles usavam para agredi-la verbalmente. A delegada afirmou que os suspeitos poderão ser indiciados por lesão ou tentativa de homicídio.

Segundo o jornal gaúcho Correio do Povo, até agora a transexual foi a única pessoa a prestar depoimento. A polícia procura testemunhas do crime e imagens de câmeras de segurança que possam servir para esclarecer o caso.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Igreja da Comunidade Metropolitana completa 5 anos


Reverendo gay fala sobre sexo antes do casamento, fundamentalismo e Bíblia



Cristiano Valério: “repudiamos o discurso evangélico brasileiro”

A Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) surgiu com o próprio movimento militante pelos direitos gays e vai comemorar em São Paulo, no próximo dia 20, uma década de presença em solo brasileiro e cinco anos de existência como igreja constituída, levando consigo como traço principal a inclusão de todas as minorias e uma nova ideia sobre o Cristianismo. 

Nesta nova visão, o sexo antes do casamento é completamente permitido, e recomendado, desde que não atrase a cerimônia, drag queens formam grupos para animar as festas da organização, beber moderadamente não é nada demais e ser homossexual é simplesmente ser filho de um Deus que em momento algum condenou quem ama alguém do mesmo sexo que o seu, como apregoam os fundamentalistas se dizendo embasados pela Bíblia. 




Em entrevista ao Mix, o responsável pela denominação no Brasil, o reverendo Cristiano Valério, se mostra alegre, sociável, faz piadas, ri, brinca e fala abertamente sobre tudo o que lhe é perguntado. Não há nada a esconder por baixo de batina alguma, nenhum desejo é reprimido desde que com respeito e moderação e a parcimônia é sempre presente em respostas equilibradas, mas não necessariamente caretas. 

Essa sede de vocês é nova, eu não conhecia. Estão aqui há quanto tempo? É melhor aqui?Estamos aqui já há um ano e alguns meses. É melhor porque facilita bastante por conta do reduto gay aqui no entorno e a facilidade de estar ao lado do Metrô Santa Cecília, isso facilita bastante o acesso das pessoas que moram em bairros. O acesso fica muito fácil para o centro. E vocês vão comemorar cinco anos no Brasil.Na verdade no Brasil são quase 10 anos. A ICM começou no Brasil timidamente com alguns grupos de implantação de formação. Então a gente teve algumas visitas de bispos europeus e americanos que vieram fomentar a discussão sobre Bíblia e homossexualidade, diversidade religiosa e diversidade sexual. Eles visitaram o antigo CAE-USP e o Grupo Corsa, isso há muitos anos atrás. E o CAE-USP então começou a fazer um movimento de traduzir textos da ICM para discutir essa temática da diversidade sexual e da religião.A Academia acabou colocando isso embaixo da asa dela.Isso. Aí começaram a surgir grupos de implantação, pessoas interessadas em formar comunidades como as que já existiam na Europa e nos Estados Unidos da fraternidade das ICMs. Um dos primeiros grupos foi no Rio de Janeiro, há quase 10 anos eles começaram e se desenvolveram lá. São cinco anos que a comunidade se reúne como igreja. Porque tem todo um processo de implantação. Quando um grupo de pessoas quer formar uma ICM não basta apenas querer. Esse grupo entra em contato com a bispa ou o bispo regional e começa o trabalho de implantação estudando a missão, a visão, os valores da organização, a teologia da ICM, que é muito singular. A ICM quase sempre é confundida com o movimento de direitos civis da comunidade LGBT e do movimento feminista e do movimento negro do que vista como propriamente uma igreja, um culto.Porque a ICM participou desde o começo do movimento militante, desde a revolta de Stonewall.Sim, em Stonewall tinha gente da ICM como o reverendo Troy e algumas personalidades do início da ICM. Ela começou antes do Stonewall, tanto é que as primeiras Paradas LGBT no mundo foram organizadas em salões paroquiais das ICMs. A igreja nasce junto com esse movimento todo de direitos civis da comunidade LGBT. E hoje qual é a missão da ICM, o objetivo?Continua sendo fazer frente a toda forma de opressão religiosa, social, qualquer forma de preconceito. Então existem hoje no mundo mais de 38 países que tem a presença da ICM, muda um pouquinho a bandeira principal de luta em alguns lugares, de acordo com a realidade de cada país. Por exemplo, ainda existem comunidades em que boa parte do seu engajamento é no movimento contra o racismo, ou feminista. Nessa particularidade a ICM tem uma coisa interessante que é uma das poucas organizações religiosas no mundo que é dirigida por uma mulher atualmente, a reverenda Nancy Wilson é a moderadora mundial da igreja já há alguns anos, depois da aposentadoria do reverendo Troy, que foi o fundador da ICM. A ICM é evangélica, pentecostal... Qual a definição dela?É uma coisa legal de se falar porque nos confundem muito. Aqui no Brasil existe um senso comum que diz que quem se não é católico é evangélico, no meio cristão funciona assim. Só que no Cristianismo existe uma diversidade muito grande de movimentos, de grupos. Mesmo dentro de grupos pequenos existe a diversidade. A ICM é uma igreja cristã inclusiva. Ela não é uma igreja evangélica que reproduz o discurso religioso evangélico do Brasil, muito pelo contrário, a gente repudia o discurso evangélico brasileiro. Nós nos posicionamos como cristãos ecumênicos radicalmente inclusivos e de raiz litúrgica e teológica protestante-histórica. Então a gente costuma até evitar alguns termos que são surrados pelos nosso irmãos evangélicos.E como é a relação com as igrejas não-inclusivas como Assembleia de Deus, Batista, etc.? Existe a relação que eles têm conosco e a que nós procuramos ter com eles. A que eles têm conosco quase sempre é a mesma que eles têm com a comunidade homossexual, com o movimento LGBT, que é essa relação muito conturbada. E aí existem as teorias deles que não mudam nunca. Ou o grupo fundamentalista crê que a homossexualidade é possessão demoníaca ou que é um desvio de conduta ou que é falta de vergonha na cara. Então eles não evoluíram muito nas suas teorias a respeito da homossexualidade.E de vocês com eles?Nós trabalhamos vê-los como irmãos e irmãs. Equivocados que são, limitados que são, mas que são tão filhos de Deus como qualquer outra pessoa e precisam ser respeitados, mesmo que eles não nos respeitem. E com as outras igrejas inclusivas como a CCNE e a Igreja Para Todos? A gente tem uma relação fraterna, de amizade. Tenho um carinho muito grande por várias lideranças de outras comunidades inclusivas, mas a gente tem uma diferença grande de proposta. As outras comunidades inclusivas são igrejas evangélicas que reproduzem o discurso evangélico com a única diferença de que eles aceitam gays, lésbicas, travestis e transexuais. Ou às vezes gays e lésbicas, ponto. Essa é a única diferença entre a igreja inclusiva e a evangélica fundamentalista. O discurso religioso não muda muito.Aqui ele muda?Sim, é um pouco diferente porque a ICM tem uma teologia própria, ela tem uma visão muito diferente, uma visão de desconstrução não só da questão do direito do indivíduo homossexual, mas também dos direitos de todas as pessoas. Para nós, ser inclusivo não é aceitar gays e lésbicas, isso é muito pouco. Para nós, ser inclusivo é entender que todos e todas são filhos e filhas de Deus independentemente da sua individualidade, da sua particularidade, da sua fé ou até mesmo da ausência dessa fé. Inclusive reconhecemos o direito do indivíduo em ser ateu. O ateu é tão filho de Deus quanto qualquer religioso, isso é ser inclusivo. Não é abrir um momento de tolerância para a diversidade sexual, mas é entender que todo ser humano tem a dignidade de ser filho de Deus. Aqui no Brasil a ICM está presente em quais lugares além de São Paulo?Tem São Paulo, Maringá, Rio de Janeiro, Vitória, Belo Horizonte e Fortaleza. Essas são comunidades já organizadas e estabelecidas, porque existem também os grupos pequenos de implantação, que estão no caminho ainda. Primeiro é um grupo de implantação, depois se torna uma missão até ser uma igreja estabelecida.A ICM sobrevive como?A igreja sobrevive com contribuições voluntárias dos seus membros. Uma diferença de nós para comunidades evangélicas é que nenhuma das pessoas que presta serviços na comunidade é remunerada por isso, são todos voluntários. Eu perguntei porque a ICM realiza trabalhos, ela está presente em momentos como a 1ª Conferência Nacional LGBT, em Brasília, está sempre nas discussões da militância. Cabe religião nesses momentos?Cabe sim. Estou lá com reverendo da ICM. Porque nós entendemos o Cristianismo como posição, então nós temos que marcar essa posição de defesa dos direitos da comunidade LGBT, não só no movimento LGBT, mas também no movimento negro, feminista. Então quando solicitado, ou não (risos), a gente dá um jeito de aparecer e de se posicionar, dizer que estamos lá marcando uma posição a favor. A ICM é muito militante. Uma dificuldade que as pessoas têm às vezes na aproximação da ICM é que não tem como se envolver com as atividades da igreja estando dentro do armário. Porque a gente dá a cara o tempo todo, participa o tempo todo.E vocês vão à Marcha para Jesus todos os anos?Alguns membros vão, eu já não dou conta mais de fazer isso. É que a Marcha para Jesus acontece sempre no mesmo dia da Feira Cultural LGBT de São Paulo, onde nós também temos sempre um stand. Então eu escolho ficar na Feira e falo para alguém ir lá cuidar da Sônia Hernandes! Eu não vou porque no começo eu até ia, mas já não tenho muita paciência para alguns discursos. Você disse que é preciso estar fora do armário para participar. A ICM ajuda a pessoa homossexual a se aceitar melhor?A contribuição social do indivíduo LGBT e dos seus familiares dentro de uma comunidade religiosa é muito grande, é bem interessante. Aqui a gente tem além dos serviços religiosos o atendimento psicológico, temos uma psicóloga que atende na quinta, na sexta e no sábado. As pessoas que nos procuram para gabinete pastoral, aconselhamento, para conversar, quando nós percebemos que o caso deveria ser acompanhado por um profissional a gente encaminha para o serviço especializado. Sem dúvida quando reúne um grupo de pessoas homossexuais, e essas pessoas trabalham essa questão da troca de experiência de tudo que eles têm em comum dessa luta nessa construção dessa relação afetiva com sua própria história, é importantíssimo. Porque a pessoa nova que vem e vive com a baixa auto-estima e com dificuldade de colocar em palavras seus sentimentos de repente encontras um grupo religioso que tem toda a diversidade da comunidade LGBT. Aqui tem pessoas que fazem show à noite, tem grupo de drag queen, tudo abertamente, tranquilo. Alguns membros se reúnem para depois do culto tomar um chopp no Caneca de Prata, vai pra Vieira de Carvalho dançar.Pode beber, fumar, se divertir sem culpa?Sim! Pára, por favor, imagina. Uma vez eu estava tomando um chopp e um amigo religioso, mas um pouco mais fechado, falou se eu não achava complicado estar aí bebendo um chopp e ser clérigo de uma igreja. Eu respondi que tinha um amigo muito grande que um dia foi a um casamento junto com sua mãe e o povo bebeu demais na festa de casamento e no segundo dia de festa, era tipo rave, durava uns três dias, no segundo dia a mãe dele chegou e disse que os noivos estavam envergonhados porque estava acabando a bebida. E em vez de dizer que a bebida acabou tarde ele transformou a água em vinho e a festa durou mais quatro dias. Então se Jesus que é o nosso grande mestre em vez de acabar com a festa ele transforma a água em vinho...A bebida não é o problema.Não, nunca. Na verdade a gente tem dificuldade é com os excessos. A pessoa quando perde o controle não é legal. E assim é com bebida e com tudo que é bom nessa vida, o que se bebe, o que se come, tudo, o sexo também. Porque isso pode virar uma patologia, alguém sofrer com isso. Se está dando prazer e é legal isso é maravilhoso. O problema é quando a pessoa começa a sofrer com isso.Uma vez você me disse no bom humor que na ICM pode ter sexo antes do casamento, mas desde que não atrase a cerimônia. Por que você acha que existe essa coisa em torno do sexo, esse tabu?Desde que não atrase a celebração tudo bem. Pode fazer à vontade, mas não pode atrasar a celebração porque eu não gosto de atraso (risos). O Cristianismo fundamentalista tem esse discurso hipócrita de que pecado é cometido com a genitália, tudo que tem a ver com órgão sexual é pecado. Isso a gente herdou de alguns pensamentos muito complicados. Na ICM a gente desconstrói esse pensamento religioso, por isso algumas pessoas ficam escandalizadas com a forma natural que a gente fala de sexo, pra gente sexo é uma benção, uma coisa maravilhosa. E faz também um movimento de reconciliação da sexualidade com a espiritualidade. Pra gente o ser humano é um todo indissociável, e essa pulsão, esse desejo, isso tudo é maravilhoso. Desde que com responsabilidade, desde que não seja em um contexto de violência, de abuso.Você já sofreu preconceito de outros pastores, não dos inclusivos, mas dos ditos heterossexuais?Não um preconceito direto, mas no nosso meio várias vezes a gente costuma receber e-mails no nosso site, comentários super maldosos, alguns ousam a profetizar doenças, morte, maldições e tal. Já aconteceu em momentos em que eu estou dando palestras algumas pessoas com muito cuidado, não manifestando um preconceito, se posicionando respeitosamente às vezes de uma forma um pouco pesada. Dou palestras em faculdades de Teologia, sindicatos, onde me chamam. É uma oportunidade para as pessoas conhecerem, porque as pessoas têm medo do desconhecido. Todo mundo diz que a Bíblia condena a homossexualidade, que família é pai, mãe e filhos.Existem algumas particularidades na construção da imagem da família da Bíblia que não condizem com o discurso que foi construído pelos cristãos, como, por exemplo, esse pensamento de que família é pai, mãe e o casal de filhinhos. Isso não existe na Bíblia. Monogamia na Bíblia inexiste, os homens tinham várias mulheres. Mulher era bem de consumo, quanto mais posses você tinha mais mulheres possuía. O mais humilde tinha duas, entende? E agora começa a ter um discurso monogâmico.Mas como surge isso?Aí é toda uma construção da moral cristã pensando não na manutenção da espiritualidade ou na moral por si só, mas na questão dos bens. O casamento por amor, por exemplo, salvo raríssimas exceções, ele não existe na Bíblia, casamento era um arranjo entre famílias, elas faziam um acordo e os noivos descobriam quem eram suas esposas no dia, na hora,. Eram como propriedades que eram compradas. Casamento por amor começa a existir em meados do século 20. Troca de alianças, por exemplo, não existe na Bíblia. O homem dava as suas alianças para suas esposas, marcando elas como gado, como de sua propriedade. Então casamento por amor, monogamia, tudo isso é uma construção moderna que nasce na preocupação com a questão dos bens. O próprio celibato dos sacerdotes católicos, a preocupação da Igreja Católica com seus bens, e aí essa exigência.Na ICM não tem celibato?Graças a Deus! Eu acho um pecado! A menos que o indivíduo queira, e queira muito, a gente encaminha para o psicólogo. Se ele passar pelo psicólogo e continuar com essa ideia tudo bem, a gente não tem problema nenhum com diversidade. Eu acho até legal, nunca vi, mas acho legal. A frase mais famosa que a gente houve dos homofóbicos é que Deus fez o homem e a mulher, está na Bíblia que é assim e por isso os homossexuais vão pro inferno. Está na Bíblia mesmo isso?O problema todo é que na verdade o texto bíblico não tinha o objetivo de explicar cientificamente nada. A mitologia dos hebreus, o livro de Gênesis, que conta aquelas histórias riquíssimas, maravilhosas, que tem muita coisa romântica e bonita ali pra gente aprender, não estava explicando a origem das espécies. A origem das espécies foi trabalhada por um outro filho de Deus chamado (Charles) Darwin. Gênesis não está trazendo informações científicas, ele traz alguns recursos religiosos de comunidades super primitivas que tinham indagações com relação à questão da origem do mundo. Aí trouxe vários elementos dessas comunidades e que foram colocados como uma colcha de retalho essas histórias todas. Tem um objetivo muito legal, quando a gente lê aquilo como uma parábola, uma história, contada por um povo que tinha uma fé, é bonito. Não é um documento, é um registro histórico apenas em alguns momentos. Tem até História, mas boa parte não. O problema é que as pessoas confundem mitologia com mentira. Mitologia é uma forma de comunicar verdades, mas que não são verdade históricas. A história de Gênesis por exemplo é para mostrar para as pessoas que Deus é a origem de tudo, mas não para explicar como foi, não tinha um repórter lá com um gravador. Deus soprou na narina de Adão e filmamos, não tem isso. Tanto que os primeiros dois capítulos se contradizem, existem dois relatos da criação. Essas histórias tinham várias versões, então você vai ter, por exemplo, um grupo que diz que Deus cria as plantas depois do sol, uma outra comunidade diz que foi antes. E hoje a gente se pergunta: como fazia a fotossíntese? O objetivo ali não é explicar nada cientificamente. Porque tem ainda uma parte que diz que aquele que se deitar com outro homem vai pro inferno também, é abominação.Isso está em Levíticos 18, verso 22. O fundamentalista isola um versículo e usa ele totalmente fora do seu contexto. Porque se você for ler o capítulo inteiro ele não está falando de relacionamento amoroso entre dois homens, nem de sexo consentido entre dois homens. Está no contexto de uma adoração a um deus pagão chamado Moloch em que as pessoas às vezes eram obrigadas a servir como prostitutas do templo. É no contexto de adoração a um deus da fertilidade e à violência sexual, porque essas pessoas eram obrigadas a fazer isso. Dois versículos antes do 22, que fala disso como abominação, vai falar também a respeito do sacrifício de crianças. Não está falando de relacionamento amoroso entre pessoas do mesmo sexo. De jeito nenhum. Um outro texto muito usado também é o Gênesis 19, a destruição de Sodoma e Gomorra.Dá para dizer que esse é um clássico já. Tem filme, tem a expressão sodomita.Sim, um clássico. É o mais frágil de todos também. O texto mitológico vai dizer que o povo da cidade se reúne em volta da casa de Ló e vai dizer pra ele trazer os hóspedes dele para fora porque eles queriam conhecê-los. E Ló nega, diz que não vão tocar neles e oferece duas filhas virgens para eles fazerem o que quiserem com elas, mas não tocar neles. Então o povo diz que ele é um estrangeiro e ainda quer mandar, pois agora vamos fazer mais mal a você do íamos fazer a eles. Isso é homossexualidade? Eu não acredito. Eu costumo brincar que quando estou em algum debate que é estranho o texto dizer que o povo da cidade se reuniu e falou ‘Ló, traz eles aqui para fora que a gente quer ir pra boate com eles, a gente quer ter uma noite maravilhosa de sexo com eles, queremos trocar MSN, lutar por direitos civis com eles’. Nada disso, eles estavam querendo estuprar os hóspedes de Ló, e estupro, seja ele homo, hétero, bi, pan, seja como for, qualquer violência, é um pecado. Então o texto não está tratando de homossexualidade como nós a conhecemos, ele está falando de violência. Digamos que a Bíblia condene a homossexualidade, o que não é verdade, nesses seis textos que as pessoas usam, existem mais de 300 textos bíblicos condenando comportamentos de união heterossexual. Pela matemática, não que eu acredite que Deus goste mais dos gays, mas a gente dá menos trabalho. Mas o evangélico conhece a Bíblia de traz para frente. Ele não se sente mal em isolar um versículo, distorcer a palavra do Deus dele?Não necessariamente, algumas pessoas compram o discurso que foi dito pelo pastor. A maioria não lê, ouve o que o pastor disse, o que o padre disse. Por exemplo, o texto de Gênesis, todo mundo é unânime nas igrejas fundamentalistas: Deus destruiu Sodoma porque era todo mundo gay. Mas olha que absurdo, uma população inteira era gay, os gays tinham filhos lá, olha a viagem! Tipo, Deus teve um desequilíbrio emocional e falou ‘não, vou matar todo mundo porque todo mundo é gay, eu não gosto’. É uma viagem doida. Muitas vezes as pessoas só ouvem isso, só que a gente pergunta onde está isso na Bíblia e a maioria não sabe onde está. Não está falando de homossexualidade, está falando de violência sexual, de falta de tolerância ao diferente. Por isso hoje existem muitos teólogos cristãos não gays que têm a mesma visão da ICM. Muitos deles não podem ter a liberdade de falar sobre, alguns ousam e acabam sendo punidos por conta disso. E como funciona o casamento aqui na ICM?Sempre temos casamento aqui, quase toda semana. Fazemos o agendamento com pelo menos 30 dias de antecedência. E não precisa ser frequentador. Na ICM o casamento não é sacramento, é uma celebração de união, uma benção. Então é como se alguém pedisse uma oração na rua, a gente não nega isso para ninguém. O casamento aqui é uma oportunidade de celebrar uma união que já existe. Existe uma diferença entre a celebração de casamento na ICM e nas igrejas tradicionais, que é uma questão conceitual. Mesmo os casais heterossexuais que se casam aqui já vivem juntos há algum tempo, a gente celebra a união estável. Então é o casal que já vive junto há algum tempo. É a celebração de algo que já existe, o casal não se une no altar. Nas nossas celebrações o casal já entra junto, nada de mãe levando o filho e o pai levando a filha, só se eles quiserem muito. É uma união que já existe, é legítima, já venceu obstáculos e por isso merece ser celebrada na presença dos amigos, dos familiares. Como a gente vai celebrar uma coisa que ainda nem aconteceu? Na Igreja Católica é desejável que o casal seja virgem para se casar, na ICM se for virgem a gente não casa.O que é mais realista mesmo. Sim, mais verdadeiro. Tem que ver se não há incompatibilidade. Se gosta mesmo. Esse moralismo, esse excesso religioso é desconstruído constantemente nas igrejas da ICM para ajudar não só os casais que querem celebrar a união, mas os que já celebraram também e estão na manutenção da vida a dois, que não é uma coisa muito fácil. Não existem modelos de relacionamento, o casal não pode ficar sob o jugo religioso reproduzindo um padrão que não deu certo nem para os nossos pais. 

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