terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Entrevista com Murillo Flores, o artista que dá vida a Nata$ha Ra$ha

Nascido em Bela Vista, Mato Grosso do Sul, vamos entrevistar Murillo Flores, o artista que da vida a essa caricata tão amada da noite LGBT Paulistana, Nata$ha Ra$ha.
Para quem não conhece nossa homenageada, Nata$ha Ra$ha apresenta os sábados da casa noturna Blue Space em São Paulo, conhecida pelo seu jeito despojado e irreverente.


Quem é o artista Murillo Flores?
É só isso mesmo. Não me considero nada diferente de ninguém nem especial por nada. Procuro muito ser muito honesto principalmente comigo mesmo e tenho uma vida muito comum. Sou bem exigente com qualquer trabalho que faço e já passei a muito tempo da fase do deslumbramento. É isso. Basicamente, uma pessoa de família, que batalha e rala muito, principalmente por conta da profissão que é muito instável.
Você já está a mais de 25 anos no teatro. O que o teatro representa na sua vida? 
Arte é uma coisa que já vem no pacote quando a gente nasce. O teatro sempre esteve presente na minha vida desde os 15 anos, ou até menos. Eu sou apaixonado por teatro, e me realizo no palco. Fora o fato de que a experiência teatral de ajuda muito na própria vida. Infelizmente é muito difícil para um artista como eu manter um espetáculo em cartaz. É tudo muito caro, e também muito difícil se conseguir apoio. Aluguel de sala é caro, divulgação é cara, produção é cara, enfim, só mesmo as grandes produções e os artistas mais celebrem tem mais facilidade, e as empresas investem muito dinheiro.


Tive a oportunidade de lhe ver atuando em “Coisa Boa Pra Você” e senti que os seus personagens levam muito de você e você acaba incorporando-os também quando está de Murillo.Essa harmonia acontece pelo ator ou é de uma forma natural?
Tudo que você cria sempre tem algo de você. Isso é de qualquer autor. Tenho muitos personagens, uns até inéditos, e cada um deles leva algo que tem a ver comigo, ou com alguma experiência que vivenciei. O “coisa boa pra você!” é um dos meus melhores trabalhos, e apesar de já termos feito seis temporadas medias desde sua estreia, sempre soubemos que é um espetáculo para ficar em cartaz por muito tempo. É um bom exemplo dessa dificuldade que eu acabei de falar.
Dentre todos seus personagens, na maioria feminina, Diego Varejon, personagem masculino, se destacou principalmente por estar em Tv aberta, promovendo o Murilo para o Brasil e o mundo. Com foi feito o convite para a escolinha e como foi essa experiência? Já recebeu convites para levar Nata$haRa$ha á Tv ?
Sim, mas não achei ainda uma combinação de boa oportunidade com qualidade. Normalmente o que vem de convite para a personagem é sempre relacionado à coisa de Drag Queen, e Nata$hara$ha não é Drag Queen. É só um dos meus personagens, que por acaso tem fama por ser o que eu me apresento na noite. Eu faço muita questão que as pessoas entendam isso. A coisa do ator e do personagem. Mas tenho muitos personagens masculinos e femininos também que gosto muito. O Diego Varejon é um exemplo disso. Já tinha o personagem há muitos anos antes de estrear na escolinha.. Esse daí foi a combinação que eu falei. Espero que aconteçam outras...
Nata$haRa$ha foi o caminho para o teatro ou o teatro te apresentou Nata$haRa$ha ?Conte-nos como surgiu essa grande personagem na cena gay.
Não. Nata$hara$ha é só mais um dos personagens... Na verdade as maiorias dos personagens que crio surgem de esquetes ou peças que escrevo. Daí eles ganham características e vão seguindo. No caso deste, é uma das personagens de um antigo espetáculo meu chamado “Teatro de Senhoras”, que montei há mais de 20 anos atrás. Quando resolvi fazer um show numa casa noturna, usei o nome. Acabou ficando. E tenho que admitir que seja um dos meus personagens mais fortes. E é por causa do publico, mesmo, que entendeu seu caráter e consegue reconhecer as suas características.
Como foi o seu começo na noite?

Nem sei. Desde que comecei a fazer teatro, sempre apresentei performances e números de todo tipo em clubes, ou eventos. A personagem de Nata$hara$ha se estabeleceu por conta de se inserir no circuito de nightclubs e foi bem absorvida. Mas faz tempo...
É muito difícil descrever Nata$haRa$ha. É uma personagem completa. Há nela inspiração em alguma artista ou Nata$ha nasceu com suas próprias características?
Quando você faz um personagem por muito tempo, ele vai tomando vida própria. O que eu concebi primeiramente foi de uma personagem que se portasse e vestisse como uma mulher de verdade. Nada de maquiagens excêntricas demais, nem afetação. E mesmo em números musicais, penso em apresentar de uma maneira realista, como se uma cantora de verdade o fizesse. 
Nada de biquínis com pedrarias e rodando a cabeça e se torcendo toda, porque nenhuma cantora real faz isso e canta de verdade. Também me preocupo com o que a letra das musicas dizem. Mas acho que hoje Nata$hara$ha pode ser considerada uma das minhas melhores obras. Posso dizer que temos muito em comum, mas sempre faço questão de que as pessoas possam diferenciar as coisas. Concordo com você. É uma personagem completa.
Hoje e com competência, você apresenta os sábados da Blue Space\SP, mas pouco se vê Nata$haRa$ha pelo Brasil. Como é estar em uma das melhores casas noturnas do Brasil e essa exclusividade é uma escolha sua?
Não existe exclusividade nenhuma. É logico que a Blue Space estará sempre em primeiro lugar pra mim, mas isso por motivos além do show. Porque tenho uma historia lá dentro, sou o único artista que esta lá desde o primeiro dia, e fora isso, aquela historia de que somos uma família é verdadeira. O Victor é meu irmão, pai e amigo, e já me salvou muito nesses anos todos. Agora, a coisa de não viajar muito nem de fazer muitas casas é um mistério. Pra falar bem a verdade, não sou de ficar fazendo lobby, ligando e pedindo pra marcar show. Acho que quem quer, sabe onde me encontrar. E segundo, tenho a impressão que a maioria dos outros diretores devem achar que eu talvez seja inacessível, sei lá...é mesmo um mistério. Isso acontece ate mesmo em São Paulo. Enfim, mistéééério.
De tantos shows você se lembra de algum fato estranho, engraçado que tenha acontecido nesses anos de noite?
Já teve tanta coisa!! Mas vou contar dois bem curiosos. Um foi na Blue Space mesmo, há muito tempo atrás, eu fazia um numero com um macacão de vinil rodeado daquela mangueira de luz. Naquele tempo as coisas eram bem rusticas mesmo, e pra acender tinha que ligar na tomada. Eu ficava ligado numa extensão, mesmo. Durante o show, quando ligaram, uma parte da mangueira estava tocando em mim, e comecei a tomar choques. O assistente do show achando que eu estava muito animado, mas era por conta dos choques. Foi chocante! Noutra vez, eu e outro amigo fomos contratados para uma surpresa em uma festa de um certo noivo, e lá fomos, super extravagantes, duas vedetes...entramos na casa fazendo a maior festa, e só lá dentro vimos que só haviam senhores militares, todos de uniforme....eles ficaram chocados. E nós também! A gente tinha entrado na casa errada!!!
Pra você, o que estar no palco do teatro e nos palcos da noite gay?
É meu trabalho! Não tem diferença se é numa boate ou num evento corporativo, ou em cartaz no teatro. Em qualquer um eu sempre encaro com muita responsabilidade, mas sempre busco me divertir e ser o mais honesto possível. Só assim você arrebata o publico.


Qual foi o seu momento no palco. Aquele que você pensou ser sua grande realização como artista da cena gay.
Não sei. Não consigo definir um momento especialmente marcante. Mas mais recentemente fiz um numero em homenagem ao falecimento da Amy Winehouse que, apesar de bem simples, me tocou muito, me emocionei sinceramente, e foi muito franco. De minha parte eu estava prestando uma honra muito sincera, mesmo. E curiosamente houve uma pessoa na plateia que depois me procurou no camarim, aos prantos, querendo agradecer pela apresentação. É uma coisa simples, mas estas coisas são importantes pra mim. Quando alguém entende e reconhece o que tentei passar em cena.

Atualmente, quais os nomes da cena gay que lhe mais destaca?
Sabe, nem conheço muita gente, principalmente as mais novas. Mas posso dizer que tenho muito prazer em dividir a cena com Silvetty Montilla, Thalia Bombinha e Michelly Summer. Não tem muita gente que faz o tipo de trabalho que a gente faz. E depois de tantos anos juntos, a gente praticamente se comunica pelo olhar em cena.
Como é sua relação com os fãs?
Procuro dar atenção a todo mundo. Quem me escreve, ou para na rua, enfim. Tenho fãs de situações diferentes. Há alguns que são por conta do teatro, outros pela TV, e muitos pela noite. Sempre procuro dar a melhor atenção possível, e percebo que na maioria há mesmo uma admiração e respeito sinceros pelos meus trabalhos. Mas tem gente chata também. Poucos, mas tem. Não me considero inacessível. Preciso fazer menção a muitas fãs que surgiram por conta da escolinha, e que mesmo estando fora do ar, ainda mantemos certo contato. Acho admirável esse carinho, e fico até meio sem graça por isso. Vou citar uns nomes... A Indila, Kah, Leandro, Tayane, Janaina... São todos incríveis, e conseguem ser mais atualizados do que eu faço do que eu mesmo!
Esperamos que 2012 seja um ano especialmente voltado ao LGBT, no que se refere à política e toda discussão em torno da homofobia. E quando se fala de política, envolvemos cultura, educação, etc. Você participa de algum movimento social ou se mantém ligado nas discussões voltado a população gay?
Não. Nenhum em especial. Participo de alguns eventos que são dedicados ao tema, como o “Abra seu coração”, mas não tenho nenhum engajamento na área. Não quero que entendam como alienação, ou indiferença, pelo contrario, só acho que muitas coisas que estão aí são desnecessárias, e outras exaltadas demais. Mas só para não deixar sem resposta, eu creio que a falta de cultura, a falta de educação e respeito, a ganancia dos governantes, e o progressivo emburrecimento das gerações, são as principais razões de todos os conflitos do mundo. 
Murillo confessa que seu maior objetivo neste ano é conseguir voltar ao teatro. “Mas como disse, sem ajuda não acontece. De projetos futuros, só ter muito trabalho, oportunidades e saúde. É o bastante.”


"O Murillo é uma pessoal incrível! Humilde, simpático e muito atencioso com todos os seus fã. Ele superou todas as minhas expectativas no dia dia em tive a oportunidade de conhece-lo pelo primeira vez. Mesmo não morando em São Paulo, sempre que posso vou à São Paulo para prestigir o trabalho dele. Murillo é um querido!"
Indila Vieira - Blog Flores


"Nathasha Rasha, dizer que ela é um grande artista, humorista, redatora, diretora, é redundante demais. Todo mundo já sabe. Prefiro falar desta colega de trabalho que no começo adorava me encher o saco, rs... E mesmo assim me fazia ri muito, rs. Da diretora carinhosa e exigente que sabe dar o tom certo ao show, sempre com muito bom humor. Eu aprendo com ela, só que me divertindo."
Alexia Twister
Para quem quiser ainda mais sobre esse artista maravilhoso e seu trabalho, segue seus contatos.

 Gostaria muito de agradecer ao Murillo Flores pela oportunidade de ter o seu nome escrito na história do Planeta G. É um grande prazer ter o nome de Nata$ha Ra$ha no quadro de entrevistas dessas artistas da noite que fazem a felicidade do público a cada noite de show levando a cultura LGBT e o talento do artista ao Brasil e o Mundo.
Por Erik



2 comentários:

  1. Uma pessoa sensacional, muito divertida
    muito dedicada, eu adoro ela Natasha Rasha

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  2. poxa vida e ele mesmo que da vida a personagem nathasha racha? nao acredito, murillo vc e muito lindo!!!!!!!!!!!!!!

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