Douglas Drumond é mineiro de Belo
Horizonte, tem 40 anos de idade e mora em São Paulo há sete anos. É formado em
jornalismo e hotelaria. Atua como empresário da área de hotelaria, proprietário
de motéis e hotéis lá em Minas, aqui em são Paulo tinha o 269 que foi fechado
em julho do ano passado e agora está prestes a inaugurar o Hotel Chilli Pepper.
Douglas também trabalha com ações sociais e é ex-presidente da Ong Casarão
Brasil.
Veja abaixo a entrevista exclusiva que fiz
com ele sobre a Sauna 269 e seu novo empreendimento, o Hotel para Solteiros.
Como surgiu a ideia da 269?
Bom, eu sempre fui um frequentador de
saunas então eu morei muito tempo nos Estados Unidos e o formato 269 tem nos
Estados Unidos, tem na Europa, tem na Ásia. Então eu vim pra São Paulo, eu nem
morava aqui, eu vim para São Paulo uma vez e falei “poxa, mas a qualidade não
esta muito legal", e fiz uma pesquisa de campo pra ver com quem eu ia
concorrer e cheguei à conclusão que seria um bom negócio, um bom investimento
então eu já voltei para o Brasil com essa ideia, de construir a 269.
E essa sua experiência no exterior foi
oque te ajudou a trazer para o Brasil esse padrão que não tinha em São Paulo e
no Brasil?
Sim, é um padrão, é um formato. Inúmeras
características e sutilezas que tem que ser levado em consideração para quem
tiver a fim de fazer alguma coisa nesse nível, tentar fazer esse formato, então
foi um trabalho de observação. Em algumas casas você percebe a semelhança de
uma para outra e assim é o formato.
A 269 fez sucesso pouco mais de três anos. Você achava que faria esse sucesso e que as pessoas lamentariam tanto o fechamento dela?
Bom, eu tinha certeza que era um bom
negócio, mas me surpreendeu. O resultado é bastante, no sentindo de total de
investimento e tempo de retorno. Quando você investe em motel heterossexual
como o que tenho em Belo Horizonte você investe 10 vezes mais e demora 10 vezes
mais para ter o retorno, então a 269 com um investimento baixo me deu um
retorno muito rápido. Lá no Chilli Pepper agora estou fazendo uma 269 três
vezes melhor, essa que é minha proposta, de construir a melhor casa de banho do
mundo com serviço e suítes de hotelaria.
A entrega do terreno da 269 foi planejada ou
surgiu do nada e te pegou de surpresa?
Super de surpresa ficaria feliz se a
justiça do Brasil funcionasse assim para todos. Por que foi uma ação de despejo
de seis meses, por que geralmente você vê ações de despejo perdurar mais do que
cinco anos, então foi surpreendente, gostaria que a justiça fosse ágil assim
para todos. (risos)
Essa ideia do Chilli Pepper da ao fato a
escassez de um comércio hoteleiro preparado para o publico LGBT ou veio com
essa ideia de juntar uma coisa com a Outra. A 269 era apenas a sauna e agora
você traz um braço da sauna 269.
Concordo, por que quando falamos em um
atendimento para o público normal já é complicado, mas para atender a demanda
gay que é um diferencial, você precisa de um atendimento preparado e treinado
dos funcionários.
Claro, é um sistema diferenciado. Eu gosto
de falar que nós gays pelo menos na minha visão, somos iguais japoneses, agente
gosta de se hospedar no mesmo andar, então tem no mínimo 50 hotéis em São Paulo
com andares específicos para japoneses, com andares específicos para mulheres e
agente não tem nenhum com esse atendimento. Então se eu vim para a parada gay e
tiver um andar inteiro para gays no Maksoud, claro que vai ser muito mais
agradável, muito mais legal de estar lá. Quando você pensa em gay, no lazer por
que isso já é um dado, que nós ocupamos a hotelaria de São Paulo durante a
baixa temporada que são os finais de semana, então você não pode ter um café da
manhã que dure até às 10 da manhã, que o gay que vem no final de semana não vem
a trabalho, ele vem a lazer, em São Paulo, ele não quer um café da manhã até
umas 10 horas da manhã, alguma coisa que realmente atenda né? Então, pensar em
ser gay friendly só naquele atendimento, “eu cheguei com meu namorado e ninguém
vai tratar mal, acho que eu quero mais, eu quero ir num hotel onde tem ducha
higiênica, por que eu quero estar higiênico, acho que é essencial para agente
ter algumas necessidades”.
Em minha opinião o Largo do Arouche não é
um dos lugares mais queridos pelo publico gay, porém é um dos mais frequentados.
Foi você que escolheu o local? O que você espera para esse lugar?
Olha, lá é o soho, é o village pra gente
aqui em são Paulo. É o planejamento urbanismo de construção, de prefeitura, de
religião, que nos leva pro Largo do Arouche. Então você vê que estabelecimentos
que eram da consolação não existem mais, os estabelecimentos que eram do Frei
Caneca e da Augusta, de entretenimento em geral não são só GLS não, vão sendo
fechados por excesso de fiscalização de denúncia. Então o lugar gay permitido
aonde hoje em dia, em 2012, você consegue desenvolver uma atividade com
tranquilidade é o Largo do Arouche. Eu procurei bastantes imóveis nessa região
sul, porque pretendo trabalhar também com a classe A, eu adoro trabalhar com a
classe C, mas eu sempre pego nessa de ter uma hospedagem de ter uma diária de
R$ 1.800,00, mas também ter uma locação de armários a R$ 60,00. Então, eu penso
na classe C, penso na classe B, penso na lasse A. Hoje em dia não é a melhor
localização da classe A, ela espera alguma coisa aqui próxima à Av. Paulista,
mas é bom ir se acostumando por que a área gay de São Paulo é o Largo do
Arouche.
E o acesso lá, o estacionamento próximo
que agente tem no Chilli também saindo aqui da Paulista você nem passa pelo
centro, pode ir pelo Higienópolis, isso tudo foi pensando, acho que tenho uma
imóvel ideia, com localização estratégica (risos).
Você chegou a procurar no Higienópolis?
Surgiram vários boatos que seria no Tatuapé, que seria no Higienópolis. Você
chegou a procurar nesses lugares?
Não. Não. A minha busca sempre foi no
Largo do Arouche, Vieira de Carvalho e Baixo Augusta. Eram essas três
características por que são três lugares que atendem turistas neh, no
Tatuapé pode ser lucrativo? Pode, mas no Tatuapé atende as pessoas que moram em
São Paulo. Se eu viajei de Belo Horizonte até aqui eu não vou parar no Tatuapé
para sair, então as casas noturnas que atendem essas populações flutuantes
estão.
Nesses espaços, Largo, Viera e Baixo
Augusta, por algum tempo, porque daqui a pouco não vai ter nem Baixo Augusta,
mas então, eu já tive esse pensamento 10 anos adiante, para que eu não tenha
que fechar de novo e depois ir pro Largo do Arouche, então eu espero que eu
consiga sobreviver pelo menos 20 anos (risos).
No que se refere estrutura Douglas, como
será o novo Chilli Pepper?
Bem o Chilli Pepper tem aproximadamente
2.300 m², que equivale ao dobro de dimensão da 269, lá eu tenho 100 quartos de
solteiros, 2 suítes Confort e 3 suítes presidenciais, que é presidencial mesmo
com todo o conforto de uma suíte presidencial, as três se unem e da uma suíte
total de 160 m², para você fazer uma festa e se desejar. Tem aquecimento
do piso, tem filtro de água no chuveiro, tem piscina resfriada dentro da sauna
a vapor, 2 Ofurôs, tem piscina aquecida que é metade coberta e metade
descoberta e uma de verão que é fria, normal do lado de fora. Todas as piscinas
e jacuzzi são de filtro de areia ionizados, não uso cloro para não estragar a
pele nem o cabelo.
Tem essas especificidades de conforto de
ambientalização, principalmente de temperatura por que às vezes em São Paulo
você tem clima de quatro estações no mesmo dia, então se você não tiver essa
sensibilidade. Então, agora é aquecimento do piso, agora é o ar condicionado,
agora aumenta a temperatura da sauna seca, da sauna a vapor, não fica legal,
num ambiente de 2.300 metros, você tem que ficar muito atendo a temperatura.
Você falou em dois valores de preço,
armários a R$ 60,00 e um aluguel de quarto a R$ 1.800,00. Esses são valores já
definidos?
Não definidos, aproximados. Não cheguei a
essa conclusão, por que agora estamos fazendo outra pesquisa de mercado, mas
vai ser mais o menos isso.
Inauguração?
Se tudo der certo, 15 de abril. Eu tenho
trabalhado, tenho um contrato de empreiteira para me entregar do dia 15 de
Abril, se ela não entregar, ela tem pra entregar em mais pelo menos 30 dias sem
pagar multa, e se ela não entregar, ela vai começar a pagar uma multa tão
absurda que acho impossível ela não entregar (risos).
Eu gosto muito de trabalhar, "há
vamos entregar em fevereiro" vai tentar... Por que hoje o telefone já
toca. (soltou fevereiro?) Soltei fevereiro, foi logo quando eu peguei esse
imóvel que foi em Junho ou Julho, logo que descobri que teria um processo de posse
do imóvel na 269 eu comecei a procurar outro imóvel, mas não é fácil você
chegar num lugar e ponto, "é aqui que vou investir meu dinheiro, é aqui
que vou trabalhar", eu sou mineiro também e gosto de fazer as coisas com
calma. Mas, na hora que eu fui saindo e peguei aquele l, naquele prazo você
fala que consegue inaugurar em Fevereiro, mas sou experiente em obras físicas,
mas também, tem a parte da obra jurídica, então tem os arquitetos executivos de
projetos, engenheiro civil, engenheiro de fundação de concreto, engenheiro de
estrutura metálica, uma junção de pessoas, e agora que já tem um crescimento de
construção civil em São Paulo que é um "bum", e às vezes ele te
promete entregar um projeto em 15 dias e entrega em setenta, coisas assim acontecem.
(risos)
Você pensa em filiais pelo Brasil? Rio de
janeiro, por exemplo, que é conhecido como o melhor destino gay do mundo?
Tento de mais, eu procuro imóvel no Rio de
Janeiro há um ano e meio e ainda não tive esse tino comercial de chegar e fala
"é aqui". Eu vou ao Rio de Janeiro uma vez ao mês e passo o dia
inteiro lá olhando imóveis, há um ano e meio faço isso, então eu já vi ali no
Porto Maravilha, que é onde a The Week fica imóvel que seriam ótimos para poder
fazer, mas não tive aquele tesão, por que uma coisa é você encher a casa em um
sábado a noite e outra coisa é encher essa casa todos os dias.
Vai ser 24 horas?
Tem que ser 24 horas, eu só sei trabalhar
assim. Quando você pensa na Terça às 14 horas, têm que ter umas 40 pessoas lá
dentro pra que tenha essa pegada 24 horas, se você chega lá e não encontra
ninguém é chato, você não volta então à localização tem que ser estratégica. Então
no Rio pra mim tem quer ser Copacabana (risos).
Ipanema?
Sem dúvida, mas pra esse formato preciso
de um terreno no mínimo de 800 metros, é o mínimo. Então lá em Copacabana, em
Ipanema, o Rio de Janeiro é muito mais reduzido que em São Paulo, por que é só
em volta da orla, é aquele biquinho de terreno e não é por que é caro, é porque
não existe mesmo. Então estou procurando um novo formato que é alugar aqueles
prédios antigos, o vão do prédio mais o subsolo e dali você consegue uns 1600
metro, 200 metros com o pé direito alto e fazer com que o prédio não tenha
despesa nenhuma, nem de condomínio nem de manutenção, por que terreno livre
para construir dos nossos sonhos é impossível, não existe mais.
"Deixo eles assanhados para Abril,
deixo eles assanhados para domingo (12), para as pessoas irem ao Largo do
Arouche curtir a "Banda do Fuxico". Eu sou o rei da banda do fuxico,
com muito prazer, com muito orgulho. Roberto Mafra desenvolve um trabalho
sensacional, esse é um primeiro ano que teremos abadá e toda a proteção de
segurança. No ano passado teve 30 mil pessoas chovendo, esse ano esperamos 50
mil pessoas, mas oque acho legal é o social da banda que pede 1 kg de alimento
a todo mundo que for que também por estar naquela localização de
vulnerabilidade. Hoje nós temos uma população de rua enorme e que nesse
dia agente proporciona um lazer para eles inacreditável. Eu como rei fico
orgulhoso de ver aquele tanto de morador de rua que fica gritando e dançando, é
a parte que mais me divirto " Douglas Drumond
"Quero agradecer ao Douglas que é uma
pessoa respeitada no meio LGBT, um grande empresário, com visão, dinamismo e
super simpático. Agradecer ao seu assessor Rogério e a meu querido colega André
Pomba pela força." Erik Henrique
Fotos - Filipe Maziero
Entrevista - Erik Henrique
Contatos de Douglas Drumond
Querido Erik, só não entendi umas duas coisas...kkkkk...."1.800", reais a diária de um quarto??? putz, só irei se convidado.... e quem vai convidar um idoso tão gostoso como eu mas que pode transar de graça??kkkkk E, se é hotel, como o Douglas pretende fazer com a entrada ou não de mulheres? E se um cara for bi e vier para a Parada com a namorada, tem que se hospedar em outro local? Enfim, como tem o nome "hotel", eu fiquei com essas dúvidas... Parabéns pela entrevista, pela ideia de fazê-la, pelo Douglas manter projetos legais e ser amigo e acessível...Douglas, um dia, me deixa ficar no hotel , mas com desconto para idosos?
ResponderExcluirkkkkk
Beijo ,
Ricardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br
Muito boa a iniciativa de fazer o hotel no Arouche, sem dúvida o local mais gay de SP, embora alguns ainda prefiram renegar isso...
ResponderExcluirÉ este tipo de atitude empreendedora voltada ao público gls que nos faz sermos respeitados. A visão das pessoas de que gay tem que conviver num buraco sujo tem que mudar para pessoas que convivem no bom gosto e bom senso, de maneira inteligente.
ResponderExcluirO que me deixa triste é ver que muitos gays têm esse "buraco sujo" dentro de si mesmos e não conseguem preservar agradável o local que utilizam.
Além disso, um local como esse é como um computador ou equipamento super moderno: se você não tem funcionário treinado e capacitado para manuseá-lo, ele não será bem utilizado e, por consequência, não terá todo seu potencial explorado com clientes insatisfeitos.
Com toda esta qualidade prometida é apenas isto que espero deste lugar: que o público tenha bom senso de mantê-lo agradável, tenha colaboradores capazes que controlá-lo eficientemente e, claro, um preço acessível.
muito boa a ideia deste hotel para solteiro pois moro longe do centro e trabalho proximo do largo do arouche e as vezes quero sair passar a noite em algum lugar e na verdade nao tem e com esta vova casa e possivel
ResponderExcluirDouglas Deus te ilumine, seu projeto e lindo, pense em montar uma sauna na cidade de Santos aqui não temos nada. O que temos aqui e vergonhoso.
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