Cláudia logo cedo descobriu sua transexualidade. Ainda na adolescência, começou a frequentar a noite e a se inserir no contexto transgênero, sendo contemporânea dos grandes nomes do travestismo paulistano, como Andréia de Maio, Thelma Lipp, Brenda Lee, entre outras.
Claudia Wonder era performer, cantora/compositora, atriz, escritora e ícone do underground e comunidade LGBTT brasileira.
Começou sua carreira artística fazendo shows em boates e logo estreou no teatro e no cinema. Ainda adolescente contracenou com grandes nomes nacionais, entre eles, Tarcísio Meira e Raul Cortez.
Nos anos 1980 descobriu sua veia musical e estreou como letrista e vocalista da banda de Rock Jardins das Delícias com o show "O Vomito do Mito" no lendário clube paulistano Madame Satã. Depois formou a banda Truque Sujo e sempre obteve sucesso junto a critica musical e o público. No final da década de 80 mudou-se para a Europa e lá ficou durante onze anos, onde trabalhou em shows e depois como empresária na área da estética. Era formada como cabeleireira e maquiadora.
De volta ao Brasil retomou a carreira artística, participou de duas coletâneas musicais em CD: Melopéia do selo Rotten. Sonetos do poeta Glauco Mattoso musicados por vários artistas, entre eles, Arnaldo Antunes e Itamar Assumpção. Para esse trabalho Cláudia musicou o "Soneto Virtual" onde faz dueto com seu amigo, o cantor Edson Cordeiro.
Participou da primeira coletânea de electro nacional no CD Body Rapture, do selo Lua Music com a música Toníca do Haligalle e em setembro de 2007 lançou seu primeiro Cd solo FunkyDiscoFashion também pela Lua Music.
Como ícone da comunidade LGBTT era figura querida e foi homenageada como Abre-Alas da Parada do Orgulho Gay de São Paulo. Também foi madrinha do Festival Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual.
Foi coordenadora do Grupo de Estudos da identidade de Gênero Flor do Asfalto. Trabalhou como colunista e repórter da revista G Magazine do site G online até 2008. Lançou o livro Olhares de Claudia Wonder – Crônicas e Outras Histórias em agosto de 2008 pelas Edições GLS do Grupo Editorial Summus.
Cláudia também trabalhava como monitora de abordagem e comunicação do Centro de Referência da Diversidade no projeto Cidade Inclusiva, uma parceria do Governo da cidade de São Paulo com a União Européia.
Em Junho de 2009 o documentário Meu Amigo Claudia do cineasta Dácio Pinheiro, que conta a trajetória da artista, teve sua premierer mundial no Frameline Lesbian and Gay Film Festival of San Francisco- Califórnia.
Em virtude de sua sexualidade, por várias vezes foi detida, sexualmente molestada e enxotada de lugares. Segundo ela mesma revelou em entrevista, chegou a ser comparada aos mais perversos marginais “simplesmente por ser diferente das outras pessoas”. Isso lhe causou grande revolta e ela fez de sua revolta o motor para lutar contra essa barbárie.
Hoje nossa bandeira do Arco- Íris ficou preta e branca por que uma das pessoas que mais lutaram contra a violência e a intolerância nos deixou, morreu hoje, 26 de Novembro de 2010 ás 04:30 AM, em decorrência de uma criptococose (Doença do Pombo).
O velório de Claudia Wonder será na Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, no Pátio do Colégio, a partir do começo desta noite.
O enterro deve acontecer no Cemitério Vila Alpina, mas ainda não foi confirmado.
Amanhã tudo volta ao normal e devemos continuar lutando por por nossos direitos e nunca desistir.Como fez o exemplo Cláudia Wonder.
Que Deus a acompanhe!
Cláudia Wonder * 1960 + 2010
Por Erik
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