Conquistando quase 20 milhões de votos no ano de 2010, Marina Silva era vista como a mudança que a população esperava como uma terceira via e o fim da polarização entre o PT e o PSDB.
Muitas dúvidas a cerca da capacidade da candidata comandar o Brasil não tendo nenhuma experiencia com administrações majoritárias, Marina galgou alto, queria o seu próprio partido e partiu para a criação da REDE Sustentabilidade.
No ano passado, 2013, Marina Silva se viu impedida de sair candidata pela REDE por uma decisão do TSE que impugnou a criação do partido alegando não ter as assinaturas suficientes para a consolidação da sigla.
Verdade seja dita, Marina Silva sempre foi uma peça confusa no "tabuleiro" político, tendo saído do PT com problemas internos, se filiou ao PV para concorrer as eleições de 2010 e consequentemente pelo mesmo motivo se filiou ao PSB para concorrer ao lado de Eduardo Campos.
Que outra verdade seja dita. Marina Silva não se filiou ao PSB por amizade nem ideologia, mas sim para não cair no esquecimento da realidade política brasileira. Era sabido que mesmo concorrendo ao lado de Campos, ela teria espaço para continuar dialogando com a sociedade e mostrando o seu rosto "frágil e delicado".
Com a trágica morte de Campos, Marina assume o posto e com ele milhões de estranhas intensões de votos que agregaram a sua votação expressiva de 2010.
Religiosa e membro da Igreja Assembléia de Deus, Marina Silva sempre foi controvérsia no que se refere à laicidade do estado e as políticas LGBT. Já votou contra a bíblia nas escolas, já foi contra e a favor do casamento igualitário, é contra adoção por casais do mesmo sexo e pouco fala sobre homofobia. Em seu programa de governo de 2010, Marina Silva cita apenas duas vezes a "diversidade sexual", promovendo de forma genérica o apoio às causas da população LGBT.
Neste ano, com pouco espaço para inserir suas ideias revolucionárias, aceitou diversos pontos propostos por Eduardo Campo, inclusive a boa visibilidade para a população LGBT no plano de governo do PSB, mas nem tudo são flores. Depois da morte de Campos e com uma mudança ali e outra aqui do programa de governo, viu-se uma população LGBT plenamente assistida por uma candidata duvidosa, até com planos de transformar o casamento em lei. Pobres crentes da nova política.
Em apenas um dia, ou menos que isso, o partido divulga errata onde corta partes antes citados LGBT's e transforma mais uma vez em condição genérica uma luta de anos e também um sonho de ter um(a) Presidente que seja justo(a) com o art. 5° da Constituição Federal, onde TODOS deveríamos ser iguais.
Onde antes existia "aprovação dos projetos de lei e da emenda constitucional em tramitação, que garantem o direito ao casamento igualitário na Constituição e no Código Civil." Agora se lê "Garantir os direitos oriundos da união civil entre pessoas do mesmo sexo."
O texto que antes era claro e objetivo..."Ainda que tenhamos dificuldade para admitir, vivemos em uma sociedade sexista, heteronormativa e excludente em relação às diferenças." "...em que os direitos humanos e a dignidade das pessoas são constantemente violados e guiados, sobretudo, pela cultura hegemônica de grupos majoritários (brancos, heterossexuais, homens, etc.) "...e uma sociedade em que somente a maioria - seus valores, tabus e interesses - é atendida pelo poder político, enquanto minorias sociais e sexuais silenciam, não pode ser considerada democrática."
Agora apenas se lê... "Ainda que tenhamos dificuldade para admitir, vivemos em uma sociedade que tem muita dificuldade de lidar com as diferenças de visão de mundo, de forma de viver e de escolhas feitas em cada área da vida. Essa dificuldade chega a assumir formas agressivas e sem amparo em qualquer princípio que remeta a relações pacíficas, democráticas e fraternas entre as pessoas."
Por coincidência, ou não, Malafaia havia dado um prazo de até segunda feira para que Marina explicasse a importância das demandas LGBT's no programa de governo da mesma e a resposta veio prontamente!
O que Marina Silva representa não é a "velha ou nova política", é simplesmente política, mas ela vai além porque quase não tem caráter e consegue emplacar um texto de terceira via com fala mansa e rosto frágil, o mesmo usado por Collor em 1989.
já dizia o nosso querido poeta Nelson Rodrigues,
"Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos..."
Não é por ser evangélica minha cara Senadora, mas é por não ter caráter!
Por Erik Henrique